Em visita a nossa capital Porto Velho (capital de Rondônia), estive às margens do imponente e lindíssimo Rio Madeira,onde localiza-se parte do nosso patrimônio histórico, vi de pertinho e fotografei algumas locomotivas que por anos fizeram o longo e demorado percurso de 366 quilômetros de trilhos. Tive o privilégio de conhecer o Senhor José Machado, nordestino, morador de Porto Velho desde 1944, saudosista, olhos marejados e com muita simplicidade descreveu com riquezas de detalhes a movimentação no entorno da ferrovia, a cultura e costumes da época; foi gratificante e emocionante ouvir as histórias do Senhor José, por meio das suas narrativas me foi possível viajar no tempo.
A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi construída entre 1907 e 1912 para ligar Porto Velho a Guajará-Mirim no Estado de Rondônia - Brasil. Ficou conhecida como a "Ferrovia do Diabo", devido à morte de milhares de trabalhadores durante a sua construção, causada principalmente por doenças tropicais. O propósito maior era vencer o trecho de cachoeiras do rio Madeira, facilitando assim o escoamento da borracha brasileira e boliviana, também de outros produtos, até Porto Velho embarcando-os para exportação.
Na década de 1930, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi parcialmente desativada, voltando a operar alguns anos depois. Em maio de 1966, depois de 54 anos de atividades, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré teve sua desativação determinada pelo Presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco. A ferrovia seria substituída por rodovias, atual BR-425 e BR-364, que ligam Porto Velho a Guajará-Mirim. Em 10 de julho de 1972 as locomotivas apitaram pela última vez.
A ferrovia Voltou a operar em 1981 num trecho de apenas sete quilômetros do percurso original, para fins turísticos, sendo novamente paralisada por completo em 2000. Em10 de novembro de 2005, a ferrovia foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.
Ana Paula Sandes